Por Mary Wisniewski
CHICAGO (Reuters) - O diretor de cinema Spike Lee, conhecido por filmes que abordam questões raciais com franqueza, foi a Chicago nesta quinta-feira para defender o filme que planeja fazer sobre a cidade depois que seu suposto título, "Chiraq" – gíria de rua que faz um trocadilho com Chicago e Iraq (Iraque, em inglês) – foi criticado por políticos locais.
Falando em uma igreja do bairro de South Side e cercado de mães afro-americanas portando fotos de crianças mortas em episódios de violência urbana, Lee disse que os artistas mostram um espelho à sociedade e não temem dizer a verdade. "Temos que deter esta loucura", afirmou. "Isto é insano".
Ele declarou que pessoas que desconhecem o assunto vem expressando opiniões sobre o filme. Lee se referiu ao "assim chamado título" da produção, mas não esclareceu se ele se chamará "Chiraq" e não respondeu perguntas.
O prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, o senador Dick Durbin e o assessor do prefeito, Anthony Beale, demonstraram preocupação com o título, que Beale chamou de "insultante".
Chicago registrou 407 assassinatos em 2014, bem mais que os 328 registrados em Nova York, uma metrópole bem maior. Há tempos a cidade mais populosa do Estado do Illinois vem lutando contra sua reputação pela violência, reforçada pela mitologia a respeito do gângster Al Capone nos tempos da Lei Seca.
Lee declarou não estar preocupado com a política ou o turismo de Chicago. "A questão não é Chicago perder negócios", disse Lee.
Referindo-se às mães em luto ao seu redor, o cineasta afirmou: "Ninguém aqui quer ser membro deste clube". Ele citou reportagens segundo as quais 14 pessoas foram feridas a tiros na cidade um dia antes, e três morreram.